sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

AUTISMO

 


10 fatos sobre o autismo

1. Transtorno do espectro do Autismo

As pessoas com autismo podem ser um pouco autista ou muito autista. Assim, é possível ser brilhante, autista verbal e não-verbal. Uma doença que inclui uma gama tão ampla de sintomas é frequentemente chamado de transtorno do espectro, daí o termo "transtorno do espectro do autismo." O sintoma mais significativo é a dificuldade partilhada com a comunicação social (contato visual, conversa, dificuldade a perspectiva do outro, etc.)

2. Síndrome de Asperger é uma Forma de Alto Funcionamento do Autismo

Síndrome de Asperger (SA) é considerado como sendo uma parte do espectro autismo. A única diferença significativa entre SA e autismo de alto funcionamento é que as pessoas com SA geralmente desenvolvem a fala na hora certa, enquanto as pessoas com autismo normalmente têm atrasos de fala. As pessoas com SA são geralmente muito brilhante e verbal, mas têm significativos déficits sociais (que é por isso que, ganhou o apelido de "Geek Syndrome").

3. As pessoas com autismo são diferentes umas das outras.

Se você já viu Rainman ou um programa de TV sobre o autismo, você pode pensar que você sabe o que o autismo "por deve ser assim", na verdade, porém, quando você se encontrou com uma pessoa com autismo foi diferente do que você supôs conhecer sobre Autismo. Algumas pessoas com autismo são tagarelas, outros são silenciosos. Muitos têm problemas sensoriais, problemas gastrointestinais, dificuldades de sono e outros problemas médicos. Outros podem ter comunicação-social atrasos - e é isso.

4. Existem dezenas de tratamentos para o autismo - Mas não 'cura'

Tanto quanto a ciência médica está ciente, não existe atualmente nenhuma cura para o autismo.Isso não quer dizer que as pessoas com autismo não melhoram, porque muitos melhoram radicalmente. Mas mesmo quando as pessoas com autismo aumentam suas habilidades, eles ainda são autistas, o que significa que eles pensam e percebem de maneira diferente da maioria das pessoas.Crianças com autismo podem receber vários tipos de tratamentos. Os tratamentos podem ser biomédica, sensoriais, comportamentais, de desenvolvimento ou mesmo artes-based. Dependendo da criança, certos tratamentos serão mais bem sucedidos do que outros.

5. Existem muitas teorias sobre a causa do autismo, mas nenhum consenso

Você pode ter visto ou ouvido notícias sobre possíveis causas do autismo. Teorias variar de mercúrio em vacinas infantis de genética para a idade dos pais para quase tudo. Atualmente, a maioria dos pesquisadores acreditam que o autismo é causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais - e é bem possível que os sintomas de diferentes pessoas têm diferentes causas.

6. As crianças raramente "superam" Autismo

Autismo é o diagnóstico habial ao longo da vida. Para algumas pessoas, muitas vezes (mas nem sempre) os que recebem a intervenção intensiva precoce, os sintomas podem diminuir radicalmente.As pessoas com autismo também pode aprender habilidades para enfrentar e ajudá-los a gerir as suas dificuldades e até mesmo construir em suas forças originais. Mas uma pessoa com autismo provavelmente será autista ao longo de suas vidas.

7. Famílias Convivem com autismo Precisam de Ajuda e Suporte

Mesmo "alto funcionamento" autismo é um desafio para os pais. "baixo funcionamento" autismo pode ser esmagador para a família inteira. As famílias podem estar sob um grande stress, e eles precisam de toda ajuda e não-julgamento que pode começar a partir de amigos, família, e prestadores de serviços.Cuidados de repouso (alguém cuidando da pessoa com autismo, enquanto outros membros da família fazem uma pausa).

8. Não há nenhum "Escola Melhor" para uma criança com autismo

Você pode ter ouvido de um maravilhosa "escola especial para o autismo", ou ler de uma criança frequenta surpreendentemente bem um determinado tipo de sala de aula. Embora qualquer dado contexto pode ser perfeito para qualquer criança dada, toda criança com autismo tem necessidades únicas. Mesmo em um mundo ideal, “incluindo” uma criança com autismo em uma classe típica não pode ser a melhor escolha. As decisões sobre a educação de autistas são geralmente feitos por uma equipe formada por pais, professores, administradores e terapeutas que conhecem bem a criança.

9. Há muitos mitos infundados sobre o autismo

A mídia está cheia de histórias sobre o autismo, e muitas dessas histórias são menos do que precisa. Por exemplo, você pode ter ouvido que as pessoas com autismo são frios e insensíveis, ou que as pessoas com autismo nunca se casam ou mantém empregos produtivos. Uma vez que cada pessoa com autismo é diferente, no entanto, tal "sempre" e "nunca" declarações simplesmente contraditórias. Para entender uma pessoa com autismo, é uma boa ideia passar algum tempo de convívio para conhecer ele ou ela - pessoalmente!

10. Pessoas autistas têm muitos pontos fortes e Habilidades

Pode parecer que o autismo é um diagnóstico totalmente negativo. Mas quase todos do espectro do autismo tem um grande acordo para oferecer ao mundo. As pessoas com autismo estão entre os mais franco, sem julgamento, pessoas apaixonadas que você jamais vai encontrar. Elas também são candidatas ideais para vários tipos de carreiras.

(Crédito para sempre único totalmente inteligente às vezes misterioso)



AUTISMO com Doutor Drauzio Varella

Autismo é um transtorno global do desenvolvimento marcado por três características fundamentais:
* Inabilidade para interagir socialmente;
* Dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos;
* Padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
O grau de comprometimento é de intensidade variável: vai desde quadros mais leves, como a síndrome de Asperger (na qual não há comprometimento da fala e da inteligência), até formas graves em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo e retardo mental.
Os estudos iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos e biológicos.
Sintomas
O autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos. De acordo com o quadro clínico, eles podem ser divididos em 3 grupos:
1) ausência completa de qualquer contato interpessoal, incapacidade de aprender a falar, incidência de movimentos estereotipados e repetitivos, deficiência mental;
2) o portador é voltado para si mesmo, não estabelece contato visual com as pessoas nem com o ambiente; consegue falar, mas não usa a fala como ferramenta de comunicação (chega a repetir frases inteiras fora do contexto) e tem comprometimento da compreensão;
3) domínio da linguagem, inteligência normal ou até superior, menor dificuldade de interação social que permite aos portadores levar vida próxima do normal.
Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favoreceram sua adaptação e auto-suficiência.
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico. Leva em conta o comprometimento e o histórico do paciente e norteia-se pelos critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).
Tratamento
Até o momento, autismo é um distúrbio crônico, mas que conta com esquemas de tratamento que devem ser introduzidos tão logo seja feito o diagnóstico e aplicados por equipe multidisciplinar.
Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado. Cada paciente exige acompanhamento individual, de acordo com suas necessidades e deficiências. Alguns podem beneficiar-se com o uso de medicamentos, especialmente quando existem co-morbidades associadas.
Recomendações
* Ter em casa uma pessoa com formas graves de autismo pode representar um fator de desequilíbrio para toda a família. Por isso, todos os envolvidos precisam de atendimento e orientação especializados;
* É fundamental descobrir um meio ou técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação com o autista;
* Autistas têm dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam; por isso é importante manter o seu mundo organizado e dentro da rotina;
* Apesar de a tendência atual ser a inclusão de alunos com deficiência em escolas regulares, as limitações que o distúrbio provoca devem ser respeitadas. Há casos em que o melhor é procurar uma instituição que ofereça atendimento mais individualizado;
* Autistas de bom rendimento podem apresentar desempenho em determinadas áreas do conhecimento com características de genialidade.

fonte: http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/autismo/

tirado do Blog da minha amiga http://www.espacoaprendente.blogspot.com.br/2013/01/autismo-com-doutor-drauzio-varella.html


Os Sentimentos

Muitos de nós vivem o dia-a-dia com pouca consciência de como nos sentimos. Estamos geralmente muito ocupados na realização de tarefas e raramente encontramos tempo para sentir. Sentir-se inspirado por sua criança com autismo (ou por qualquer outro aspecto da sua vida) não é apenas um exercício mental para se descobrir uma perspectiva inspiradora pela qual você pode ver o mundo. É o sentir que esta perspectiva é real para você, e sentir-se bem enquanto você a adota. São nossos sentimentos que dão significado para nossas vidas e para as experiências que criamos para nós mesmos.

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Em nossa cultura, muita ênfase é colocada em emoções como o medo, raiva e tristeza. E de fato, estas são as emoções que as pessoas mais tendem a lembrar-se da experiência, e também as expressadas mais intensamente. Estas experiências emocionais também são as mais estressantes para o corpo e a mente, e não facilitam a criação de um ambiente estimulante e de expansão para você ou sua família. Mas quando nos sentimos entusiasmados, inspirados e alegres, nos colocamos em um outro estado. Um em que temos abundância de energia, enxergamos possibilidades ilimitadas, e nos envolvemos profundamente com os eventos de nossas vidas e com as pessoas ao nosso redor.

Um jeito fácil de se começar este processo é através da apreciação. Muito cedo em nossas vidas somos todos ensinados a dizer “obrigado” quando as pessoas nos oferecem algo. Mas em que frequência sentimos uma sensação física e emocional de profunda gratidão ao dizermos “obrigado”? Geralmente somos ensinados a dizer “obrigado” para sermos “bem-educados” e mostrarmos consideração pela pessoa que nos oferece o presente. Raramente somos ensinados a sentir uma emoção de profunda gratidão e a compartilhar este sentimento com a outra pessoa.

Apreciação é um estado identificável cientificamente. Há um certo padrão fisiológico que corresponde a uma pessoa sentindo apreciação. Os cientistas vêm recentemente descobrindo que maiores períodos em um estado de apreciação levam a maior longevidade, melhoras na saúde, relacionamentos e funções mentais. Os pais tendem a apreciar suas crianças; pais de crianças com autismo muitas vezes acabam preocupando-se tanto com a criança que esquecem-se de focar no amor e apreciação que eles naturalmente têm.

Criança
Sentir Uma Maior Apreciação
  1. Qual é a atividade favorita de sua criança? Ela gosta de alinhar objetos, pular na cama, rodar em círculos, fazer barulhos, falar sobre dinossauros? Escolha uma das atividades de sua criança e vá fazê-la com sua criança. Não estamos falando sobre ficar no mesmo quarto enquanto apenas a sua criança brinca, estamos falando sobre correr com ela, ou deitar no chão e alinhar os carros com ela. Faça o que a criança estiver fazendo mesmo que a atividade pareça uma tolice. Siga (acompanhe) a sua criança. Não tente guiar ou direcionar, apenas siga a criança.
  2. Enquanto você acompanha a criança na atividade dela, procure envolver-se com a atividade. Desapegue-se de quaisquer outros pensamentos. Pare de pensar no que as outras pessoas iriam pensar se elas vissem você correndo e balançando as suas mãos. Não preste atenção a pensamentos como “Isso é uma tolice”, “Eu sou muito velho para isso”, “Minha criança vai pensar que eu enlouqueci!”. Apenas envolva-se na atividade, qualquer que seja.
  3. Uma vez “presente” na atividade, comece a procurar uma forma de apreciar esta experiência e a criança que você está acompanhando. Você poderia olhar para sua criança e sentir-se grato por ela ter encontrado uma atividade que ela claramente gosta. Você poderia encontrar algo na atividade que você aprecia – o que você sente no seu corpo ao fazer a atividade, como você vê as coisas durante a atividade, ou algum som que você ouve. Encontre algo em relação a esta atividade que você consegue genuinamente apreciar. Daí foque neste sentimento de apreciação enquanto você continua a seguir sua criança. Esteja consciente de como você se sente neste estado de apreciação e gratidão enquanto você acompanha sua criança na atividade escolhida por ela. Tente fazer esta apreciação maior e maior enquanto você continua.

Um número cada vez maior de psicólogos e pesquisadores estão percebendo que o amor e a expressão sincera de apreciação por uma criança são componentes essenciais (há muito tempo ignorados) para a educação e o desenvolvimento de uma criança. A ciência está começando a compreender a importância destas profundas emoções humanas no desenvolvimento de uma criança, especialmente no desenvolvimento de crianças com autismo. 


Ambiente Otimizado para a Aprendizagem

Compreender a maneira como o cérebro da sua criança funciona é crucial para poder oferecer a ela uma ambiente otimizado para a aprendizagem. Abaixo apresentamos um breve resumo de alguns dos estudos sobre o cérebro de crianças com autismo. No final da página, encontram-se sugestões práticas para se implementar este conhecimento através da criação de um ambiente de aprendizado otimizado em casa.

O autismo é referido como uma desordem de espectro devido à grande variedade de sintomas presentes em pessoas com o diagnóstico. Pesquisadores, utilizando tecnologias que possibilitam o estudo da estrutura cerebral, também afirmam que os cérebros de pessoas com o diagnóstico de autismo variam vastamente de um para o outro. Por consequência, alguns cientistas têm sugerido que devemos estudar não apenas a estrutura do cérebro, mas também o mecanismo em que neurônios (células cerebrais) individuais se conectam e comunicam para que encontremos o problema de conexão neural que afete todas as pessoas com autismo. Pesquisadores têm encontrado evidências de que a maneira com que alguns neurônios são conectados no cérebro de pessoas com autismo pode levar a uma correlação baixa entre sinal e ruído.

Criança
Isto significa que muitos dos sinais que as células cerebrais estão enviando umas para as outras talvez venham acompanhados de “barulho” ou “ruído”, como a estática em um sinal de rádio. Esta é uma das explicações do porquê crianças com autismo tornariam-se hiper-estimuladas por informações sensoriais e teriam então dificuldade para escolher entre duas fontes diferentes de informação. Por exemplo, é geralmente mais difícil para uma criança com autismo conseguir ouvir o que o professor fala quando outras crianças estão fazendo barulho. Estudos analisando a eletricidade no cérebro de pessoas com autismo mostram que mesmo quando elas estão tentando ignorar certos aspectos de seu ambiente (como o barulho em uma sala de aula), seus cérebros respondem a estas informações do mesmo jeito que respondem à informação que a criança está tentando prestar atenção (como a voz do professor). O problema para muitas crianças com autismo parece ser o de “filtragem”, isto é, elas são menos capazes do que as crianças típicas de filtrar e descartar a informação sensorial que é irrelevante para o que elas estão tentando prestar atenção. Consequentemente, os cérebros daqueles com autismo dão igual valor para todos os estímulos recebidos, causando um bombardeio de informação sensorial com o qual a criança tem de lidar. Os cérebros de crianças típicas aprendem a filtrar e descartar os estímulos irrelevantes durante os primeiros anos de vida, o que possibilita que, ao começarem a frequentar a escola, consigam focar sua atenção na atividade pedida pelo professor. É muito difícil para um grande número de crianças com autismo conseguir aprender em um ambiente onde existem muitas informações sensoriais concomitantes (incluindo-se barulhos, toques, cheiros, estímulos visuais, etc.), como acontece em uma sala de aula.

Crianças com autismo estão absorvendo uma quantidade enorme de informação a todo momento; isto significa que em algum ponto elas terão que escolher entre reter ou descartar essas informações. Estudos demonstram que, em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas com autismo tendem a retardar este processo de “escolha”. Uma analogia para este processo seria como andar pelos corredores de um supermercado e colocar em seu carrinho uma unidade de cada item a venda para apenas depois, na chegada ao caixa, descartar o que você não quer comprar. Isto causa uma demora no processamento de estímulos. Estudos com tecnologias que permitem ver quais partes do cérebro estão sendo utilizadas durante uma tarefa confirmam que este é o fenômeno acontecendo dentro do cérebro de pessoas com autismo. Há mais atividade nas regiões do cérebro designadas para o processamento de baixa ordem (como o andar pelos corredores do supermercado) do que em regiões cerebrais especializadas para o processamento de alta ordem (passar pelo caixa e levar para casa os itens que constavam na sua lista de compras).

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Talvez isto explique por que as crianças com autismo frequentemente apresentam dificuldades em áreas de processamento de alta ordem (ex: atenção, organização, linguagem, etc.). Elas passariam tanto tempo tentando lidar com a recepção de informação sensorial (baixa ordem) que acabariam não tendo tempo para praticar o processamento de alta ordem que outras crianças da mesma idade praticam. Desta forma, o cérebro da criança com autismo começaria a se desenvolver de forma diferenciada em relação ao cérebro de seu irmão com desenvolvimento típico. Há sinais de que este estilo de processamento da informação já se encontre presente na época do nascimento da criança, mesmo que os comportamentos autísticos não sejam identificados até os cerca de 18 a 24 meses de idade.

Especialistas dão a este estilo de processamento (que limita-se em parte ao processamento de baixa ordem) o nome de “ fraca coerência central”. A coerência central refere-se à habilidade de processar contextualmente a informação recebida, associando informações para se chegar a um significado do todo, geralmente às custas da memória de detalhes. Assim sendo, na fraca coerência central haveria a tendência entre aqueles com autismo de prender-se ao processamento de detalhes ao invés da visão do todo em uma situação. Por exemplo, após olhar para figuras idênticas e receberem a requisição para se lembrarem do que estava na figura, uma pessoa típica provavelmente descreveria a cena como sendo “um pôr-do-sol na floresta”, enquanto que uma pessoa com autismo poderia descrevê-la como “folhas brilhantes, luz laranja e um galho com uma balança pendurada”. Este estilo de processamento é a razão pela qual algumas pessoas com autismo, em comparação com pessoas típicas, apresentam performances superiores em certas tarefas. Uma destas tarefas é o teste da figura inserida. Como um exemplo desta tarefa, a figura de um carro seria apresentada para as pessoas. Todas conseguiriam identificar facilmente o carro. Porém, quando fosse pedido que apontassem os três triângulos na figura, as pessoas sem autismo seriam muito mais lentas do que aquelas com autismo. Isto se deve ao fato de pessoas típicas focarem rapidamente no todo da figura, não prestando tanta atenção aos detalhes. As pessoas com autismo identificariam rapidamente os triângulos por estarem acostumadas a ver o mundo através dos detalhes.

Pesquisas envolvendo pessoas com autismo, desde estudos sobre como as células cerebrais conectam-se até estudos sobre como as pessoas atuam em testes psicológicos, nos oferecem a imagem de um mundo fragmentado, sobrecarregado e tomado por “barulho” para aqueles com autismo. Esta noção é confirmada por relatos autobiográficos de pessoas com autismo. A compreensão do mundo fragmentado e sobrecarregado de uma criança com autismo nos leva a ver a importância que tem o ambiente ao seu redor na elaboração dos programas educacionais e nos tratamentos que a ela são oferecidos. Também explica a razão das crianças com autismo procurarem ordem e previsibilidade em seus ambientes físicos.

Ambientes físicos com grandes quantidades de estimulação sensorial (ex: painéis com cores fortes, barulho de fundo, etc.) aumentam o “barulho” num sistema sensorial já sobrecarregado, tornando extremamente difícil qualquer nova aprendizagem – como tentar aprender japonês dentro de um barulhento shopping center. Devido à presença de outras crianças e do tamanho do espaço físico necessário para abrigá-las, a sala de aula convencional é altamente limitada em termos de poder atender às necessidades das crianças com autismo. Até a iluminação por meio de lâmpadas fluorescentes, tão comum em salas de aula, tem sido apontada em estudos científicos como sendo um fator que afeta o comportamento de crianças com autismo. Infelizmente, estas considerações relativas ao ambiente da criança são geralmente desprezadas e têm sua importância desvalorizada quando programas educacionais são oferecidos para crianças com autismo, ou ficam além dos limites físicos e materiais das escolas convencionais.

A Criação do Ambiente
O primeiro passo para se construir um programa de tratamento para sua criança é providenciar a ela um ambiente apropriado para a sua aprendizagem. Isto geralmente significa SIMPLIFICAR! Aqui estão sugestões do que fazer:
  1. Dedique um quarto em sua casa para a criança com autismo. Pode ser o dormitório de sua criança ou um outro quarto (não muito grande, 4 X 4m é suficiente, e menor também é OK dependendo da idade da sua criança). O quarto pode até ser dedicado à criança com autismo apenas durante parte do dia (por exemplo, quando a criança compartilha um dormitório com um irmão ou irmã). Faça o melhor possível dentro da situação em que você se encontra.
  2. Remova todos os brinquedos eletrônicos do quarto escolhido. Isto inclui televisões, video-games e qualquer coisa movida a pilha (até livros falados ou cantados e objetos que acendem luzes). Estes objetos podem ser hiper-estimulantes para a criança com autismo e podem não encorajar a interação social.
  3. Crie espaço. O ideal é ter espaço aberto no quarto, como um chão livre de objetos para você brincar com sua criança. Tenha o mínimo possível de móveis neste quarto. Além disso, minimize a quantidade de brinquedos no quarto e, se possível, coloque todos eles numa prateleira ou armário.

Estes são os primeiros passos recomendados por nós para a criação de um quarto de trabalho (ou quarto de brincar/de interagir) em casa ou até em uma escola ou uma clínica. As simples medidas descritas aqui ajudarão a acalmar o sistema nervoso hiperativo de sua criança ao oferecer a ela um mundo digerível e administrável, criando-se então a fundação para oportunidades otimizadas de interações e subsequentes aprendizagens.
 
 
Como Autismo é Tratado

Nós da Inspirados pelo Autismo temos visto que as famílias que são capazes de facilitar os mais altos níveis de crescimento em suas crianças tendem a optar por uma abordagem abrangente ao autismo. Isto é, elas vêem o autismo como parte de sua criança ao invés de um inimigo a ser combatido, e procuram auxiliar a criança adaptando o seu ambiente físico, promovendo uma educação social diferenciada, tratamentos de integração sensorial e tratamentos biológicos. Estas famílias estão conscientes de que o cérebro/sistema neurológico e metabolismo de sua criança tem se desenvolvido de forma diferente e procuram maneiras de se relacionar com a criança levando em conta estas diferenças, ao mesmo tempo em que acreditam profundamente na capacidade de sua criança para aprender e se adaptar.
Criança com autismo

Autismo não é o inimigo. Os pais que adotam o ponto de vista do autismo como inimigo e tentam eliminar o autismo como se fosse um invasor de sua criança tendem a vivenciar uma grande quantidade de estresse e desconforto, o que , por sua vez, afeta suas interações com a criança. Isto não facilita a formação entre pais e filhos de interações mutualmente prazerosas, interações estas que temos visto serem tão essenciais na promoção do desenvolvimento global de qualquer criança – inclusive aquelas com autismo.

Assim, acreditamos que o primeiro passo dentro do tratamento do autismo é a ACEITAÇÃO. Por ACEITAÇÃO não queremos dizer “desistir” ou “fazer nada”, e sim, não julgar a criança ou o autismo, reconhecer suas necessidades e suas habilidades, e estar feliz com a sua criança do jeito que ela é hoje. Muitas pessoas com autismo recebem a mensagem diária de que quase tudo o que fazem é errado, podendo levá-las à perspectiva de que elas "são" erradas. Em uma perspectiva de aceitação, a pessoa com autismo não é errada, é diferente. E a partir desta perspectiva de aceitação, os pais e profissionais podem buscar auxiliar ativamente suas criancas: ACEITAÇÃO ATIVA!

Depois que a ACEITAÇÃO é genuinamente alcançada, encontramos quatro áreas de ações que consideramos cruciais dentro de uma abordagem de tratamento ao autismo.
  1. A criação de um constante ambiente de aprendizagem otimizado. Devido a conexões diferentes nos cérebros de crianças com autismo, elas percebem seu meio-ambiente de forma diferenciada em relação a uma criança neurotípica. Ao adaptarmos o ambiente físico e social de uma criança nós podemos criar condições que possibilitem a ela um maior nível de conforto, interatividade social e concentração.
  2. A criação de interações sociais estimulantes e dinâmicas, elaboradas a partir das metas de desenvolvimento da criança, com o objetivo de promover o desenvolvimento emocional, social e de comunicação. Estas sessões beneficiam-se do ambiente de aprendizagem otimizado para estabelecer um programa de educação social individualizado para sua criança.
  3. A facilitação da reorganização cerebral e integração sensorial através de jogos/brincadeiras e tecnologias apropriadas. Beneficiando-se dos avanços da moderna neurociência, estes métodos podem auxiliar na superação de desafios sensório-perceptuais vivenciados por muitas crianças e adultos com autismo.
  4. A adoção de um tratamento biológico para abordar desequilíbrios bioquímicos internos. As necessidades biológicas dentro do espectro do autismo variam dramaticamente desde dietas relativamente simples até complexos protocolos médicos.

Consideração fundamental para o eficaz tratamento do autismo é a da plasticidade do cérebro. Ou seja, que o cérebro é capaz de se modificar em termos de estrutura e funcionalidade em resposta às mudanças do ambiente e aos estímulos sensoriais. Até a década de 70, a plasticidade cerebral não era reconhecida pela maioria dos médicos e neurocientistas. A crença generalizada daquele período era a de que o cérebro de uma criança tinha plasticidade apenas nos primeiros anos de vida, e que após 3 ou 4 anos de idade o crescimento neurológico era interrompido e o cérebro tornava-se uma estrutura rígida. Durante os últimos 15 anos, uma grande quantidade de pesquisas têm descartado a idéia da rigidez cerebral e apontado para a presença da plasticidade cerebral durante toda a vida do indivíduo. Por exemplo, utilizando moderna tecnologia de imagens cerebrais, pesquisadores do Semel Institute of Neuroscience and Human Behavior da universidade americana UCLA, em conjunto com pesquisadores da Mount Sinai School of Medicine, publicaram um estudo no General Arquives of Psychiatry. Eles ensinaram crianças dentro do Espectro do Autismo a prestar maior atenção a alguns estímulos sociais (como a expressão facial e de voz) e constataram que as regiões cerebrais que haviam previamente apresentado baixa atividade em resposta àqueles estímulos, passaram a apresentar níveis normais de atividade após o treinamento. Isto significa que os cérebros destas crianças transformaram-se em resposta à mudança dos estímulos do ambiente.
 
 
Educação Social

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Pesquisadores têm encontrado cada vez mais resultados que dão suporte às “abordagens interacionistas” - aquelas com foco na qualidade da interação entre facilitador e criança - no tratamento do autismo. No final da página, encontram-se técnicas que você pode começar a aplicar imediatamente para encorajar o desenvolvimento social de sua criança com autismo.

As primeiras teorias viam o autismo como uma desordem comportamental e, por consequência, buscavam tratá-lo através da modificação comportamental, ou seja, o reforço de comportamentos não-autísticos e a punição de comportamentos autísticos para a eliminação dos sintomas do autismo. Esta perspectiva floresceu nos anos 50, após as Síndromes do Autismo e de Asperger terem sido descritas pela primeira vez.

A psicologia moderna enfatiza a importância crucial de se estudar os pensamentos, as emoções e a experiência consciente com o objetivo de melhor compreender os seres humanos. Desta psicologia tem sido construída uma nova perspectiva em relação ao autismo, associando o autismo com a dificuldade em se estabelecer relações básicas. Recentes estudos demonstram que é possível notar-se sinais precoces do autismo em crianças de cerca de 6 meses de idade. Atualmente, estes sinais costumam ser identificados apenas em retrospecto, mas os pesquisadores têm se esforçado para desenvolver métodos que possibilitem a identificação do autismo anterior aos 2 anos de idade. Crianças com autismo (ou aquelas que num período posterior serão diagnosticadas com autismo) não se orientam socialmente de maneira típica. Isto significa que elas não prestam tanta atenção aos estímulos sociais como as outras crianças, estímulos como, por exemplo, um adulto chamando-as pelo nome ou olhando para o olho delas. Estas são habilidades sociais básicas que crianças de desenvolvimento típico aprendem nos primeiros meses de vida. As crianças que têm um atraso na aprendizagem da habilidade de orientação social apresentam dificuldade no processamento de estímulos sociais e apresentam então atraso no desenvolvimento de habilidades como a atenção compartilhada (prestar atenção à mesma atividade ou ao tópico que outra pessoa está prestando) e o compartilhar experiências emocionais com os outros. Estes são passos cruciais durante os primeiros anos do desenvolvimento da criança e formam a fundação para todo o aprendizado social e boa parte do aprendizado cognitivo. Sem a habilidade de atenção compartilhada, o indivíduo não é capaz de sustentar uma conversa ou até envolver-se em uma simples brincadeira de cócegas por muito tempo. De maneira similar, esta criança não consegue colocar-se “no lugar de outra pessoa” e imaginar o que a outra pessoa possa estar pensando ou sentindo (desenvolvendo a Teoria da Mente), o que é vital para a participação em trocas sociais dinâmicas e espontâneas. Sem estas habilidades, a criança com autismo fica perdida na arena social – a qual modifica-se a todo instante – e procura focar em pontos que seu cérebro está melhor equipado para processar, como objetos e sistemas mecânicos não dinâmicos.

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Ainda não está claro por que crianças com autismo respondem aos estímulos sociais desta maneira. Alguns pesquisadores apontam para o fato de os estímulos sociais apresentarem natureza complexa, diversificada e dinâmica, o que representaria para cérebros estruturados da maneira discutida na página anterior - Ambiente - um desafio maior na hora de serem processados (ou filtrados), em comparação com estímulos fixos e não dinâmicos.

Hoje em dia, é amplamente aceita entre a comunidade de psicólogos e pedagogos a noção de que crianças típicas aprendem através de interações sociais recíprocas e que os primeiros relacionamentos formam a fundação que possibilita que as crianças sintam-se seguras para explorar o mundo. As crianças que se desenvolvem com um cérebro autístico tendem a ter dificuldade para engajar-se nesta educação social básica e fundamental. É com este pensamento em foco que as atuais abordagens interacionistas buscam ajudar os pais para que ofereçam a seus filhos a educação social que eles não puderam aproveitar.

Colocando em Prática
Aqui estão alguns simples primeiros passos – porém de grande impacto – que você pode tomar para começar a redirecionar a educação social de sua criança.
  1. Passe pelo menos 30 minutos por dia no quarto especial que você preparou para sua criança ou, neste estágio, em qualquer quarto silencioso onde você possa estar sozinho com a sua criança.
  2. Siga a sua criança. Faça qualquer coisa que ela queira fazer. Não há nenhuma atividade em particular que você deva fazer, apenas faça o que a criança quiser. Você também poderia seguir as instruções na página Os Sentimentos para criar um profundo senso de apreciação por sua criança e pelo que ela está escolhendo fazer. Procure divertir-se ao invés de tentar ensinar qualquer coisa para sua criança. Lembre-se que o simples ato de brincar com outra pessoa é a meta aqui, que a interação é muito mais importante para a criança com autismo do que qualquer informação que talvez você consiga ajudá-la a aprender neste ponto. Apenas divirta-se!
  3. Tenha como foco o contato visual. Procure posicionar-se em frente à sua criança e o no mesmo nível do olhos dela enquanto vocês brincam juntos. Antes de entregar um brinquedo para a criança, procure posicioná-lo próximo aos seus próprios olhos, o que poderá facilitar com que ela olhe para você. Por fim, CELEBRE todas as vezes que sua criança olhar nos seus olhos – elogie, aplauda, cante – qualquer coisa que você tiver vontade de fazer para celebrá-la. O seu objetivo é fazer a experiência de contato visual prazerosa para sua criança. Brinque! Seja engraçado, ninguém está observando! Divirta-se com você mesmo, com sua criança e com o simples ato de olhar no olho desta preciosa pessoa.

Integração Sensorial

As pessoas dentro do espectro autístico apresentam alguma forma de particularidade sensorial. Assim como tudo o mais relacionado ao autismo, há uma grande variação no grau de intensidade e na forma das experiências sensoriais vividas por aqueles com autismo.

Algumas crianças são hipersensíveis quanto à recepção de informações sensoriais. Por exemplo, crianças relatam serem capazes de ouvir conversas ou o som de móveis sendo arrastados em outros prédios. Outras crianças são tão sensíveis ao estímulo táctil (toque) que não toleram a sensação da etiqueta em suas camisetas. Por outro lado, algumas crianças aparentam ser hiposensíveis a estímulos sensoriais, ou seja, são pouco sensíveis e necessitam de uma maior intensidade de estímulo para que este seja percebido. Como exemplo, algumas crianças buscam a sensação de intensa pressão ao serem massageadas ou ao serem firmemente enroladas em pesados cobertores. Pesquisadores com Judith Bluestone (Instituto HANDLE, em Seattle, EUA), apontam para a possibilidade da hiposensibilidade ser na verdade uma hipersensibilidade ao extremo, o que levaria a pessoa a bloquear totalmente uma determinada sensação.

As mãos
Muitas crianças no espectro aparentam ter complexos padrões de sensibilidades sensoriais. Por exemplo, uma criança pode ser hipersensível a sons e cheiros, mas hiposensível ao toque. Em outros casos, as sensibilidades das crianças parecem mudar de um momento para o outro, ou dentro de períodos de dias ou semanas. Elas podem ser hipersensíveis à luz em um dia e parecer hiposensíveis ou não afetadas pela luz em um outro dia. A ciência de hoje ainda não consegue explicar completamente por que isto acontece.

Integração sensorial refere-se ao processo de organização cerebral para eficientemente processar a recepção de informação sensorial em uma representação coerente do mundo. As crianças neurotípicas aprendem a integrar seus sentidos nos primeiros anos. Elas o fazem através de interações com as pessoas próximas e através de brincadeiras exploratórias. Na verdade, toda e qualquer ação da criança resulta em informação sensorial para o cérebro, o que contribui para o processo de organização e integração. Quando você vê um bebê colocando objetos na boca ou batendo objetos no chão você está testemunhando os métodos naturais do cérebro para a integração sensorial. Quando sua criança de 4 anos pula na cama, roda em torno do próprio eixo até ficar tonta ou quer que você a segure de cabeça para baixo, ela está integrando seus sentidos. O sistema vestibular (que controla o equilíbrio) continua a amadurecer até a adolescência, o que explica o porquê dos adolescentes buscarem experiências intensas como as das montanhas-russas, enquanto que os adultos geralmente não as toleram fisicamente.

Crianças com autismo não são diferentes em relação a isto. Elas também recebem a informação sensorial que ajuda o cérebro a se organizar através de atividades como rodar, balançar, correr, pular, bater, tocar, mastigar, apertar, e cheirar! A diferença é que crianças com autismo geralmente necessitam fazer estas atividades por períodos maiores e de forma mais intensa do que outras crianças. Algumas delas também continuam a precisar destes tipos de estímulos engajando-se em comportamentos autoestimulatórios que não seriam considerados “apropriados” para suas idades em nossa sociedade. Devido a comportamentos desta natureza, crianças com autismo são amplamente incompreendidas.

Criança na balança
Abordagens comportamentais tradicionais ao autismo têm visto estas atividades de autoestimulação sensorial como “ruins” ou “inapropriadas”, e buscam eliminá-las. Diversas estratégias foram utilizadas no passado para eliminar estes comportamentos, desde o amarrar as mãos das crianças em suas cadeiras até a “terapia” de eletrochoque. Versões mais modernas tendem a não ser tão extremas, apesar da filosofia continuar a ser a mesma, a de eliminar (ou pelo menos interromper e redirecionar) estes comportamentos em nome de uma “normalidade social” ou habilidade de se concentrar durante as aulas.

Nossa experiência, assim como conclusões de estudos (ex: Hirstein et al, 2001), nos demonstra que as crianças com autismo necessitam deste estímulo sensorial para ajudá-las a organizar seus sentidos (devido às diferenças neurológicas - algumas delas discutidas na seção Ambiente), e que a interrupção forçada destas atividades pode aumentar os níveis de estresse, reduzir a integração sensorial e a habilidade da criança de se concentrar durante a aprendizagem.

A Inspirados pelo Autismo adota uma perspectiva diferente em relação a estas atividades, uma perspectiva que consideramos ser de respeito e apreciação pela função destas atividades, assim como o sincero prazer por compartilhar a atividade (como descrito na página Os Sentimentos). Pesquisas científicas recentes mostram que a técnica de "juntar-se" à criança nestas atividades promove maior interatividade social em crianças com autismo. Muitas das necessidades de integração sensorial de sua criança podem ser atendidas através de brincadeira intencional dentro de um quarto de brincar/quarto de trabalho. Profissionais especializados em terapias de integração sensorial podem orientar os pais em como auxiliar suas crianças durante as sessões de quarto. 
 

Brinquedos e Materiais

Pasted Graphic 1Recomendamos brinquedos e objetos que sejam duráveis e não tóxicos, que possam ser jogados, amassados e até mordidos, sem representar nenhum perigo para a saúde e segurança da criança.

Brinquedos que funcionam sozinhos, movidos a pilha, com luzes e sons, ou equipamentos elétricos/eletrônicos podem estimular que a criança brinque sozinha com eles, sem precisar que alguém “anime” os brinquedos para elas. Esses brinquedos podem distrair a criança para fora da interação e também ser hiperestimulantes. Por estas razões, restringimos em parte a utilização de brinquedos e objetos elétricos ou eletrônicos no quarto de brincar/interagir. Utilizamos estes acessórios principalmente nos casos em que eles facilitam a interação e comunicação da criança ou promovem o aprendizado de habilidades cognitivas.

Preferimos brinquedos que estimulem a criatividade e imaginação, podendo ser utilizados de diversas formas. Por exemplo, um conjunto de blocos grandes pode ser utilizado como muro do castelo ou da casa dos ‘Três Porquinhos”, pode ser uma ponte, uma cidade, uma cama ou uma torre que será destruída pelo “Lobo” ou por uma onda do mar.

E, muito importante, procuramos brinquedos que estimulem a interação. O fantoche é um bom exemplo, pois ele não costuma ser tão interessante por si só, ele geralmente precisa de um adulto que o anime para que ele fique mais divertido para a criança.

Mesmo que sua criança ainda não esteja desenhando ou escrevendo, mantenha papel, canetas, giz e lápis disponíveis no quarto para que você possa desenhar figuras, escrever palavras e começar a encorajar sua criança a fazer o mesmo.

Equipamentos de esportes são frequentemente úteis, como bolas, cestas de basquete, gol, pinos de boliche ou pequenas raquetes.

Utilize brinquedos como aqueles que as crianças utilizavam 40 anos atrás. Muitos dos brinquedos eletrônicos modernos, aqueles encontrados hoje em grandes lojas de brinquedos, tendem a estimular que a criança se entretenha sozinha com o brinquedo ao invés de estimular que ela brinque com o brinquedo junto com você.

Bolha de sabão que não derrama
Brinquedos como os “antigos” incluem:
  • blocos grandes para montar
  • bolhas de sabão
  • brinquedos de borracha que podem ser mordidos
  • carrinhos/aviões/trens sem bateria
  • bolas
  • jogo de boliche de plástico
  • baldes
  • 2 bolas grandes de fisioterapia
  • pequena cama elástica
  • pequeno escorregador
  • brinquedos para incentivar o uso da imaginação (ex: cesta de piquenique, louças e comidinhas de plástico, kit de médico, dinheiro de brincadeirinha, etc.).
  • jogos tipo dominó, jogo da memória, quebra-cabeças
  • jogos de tabuleiro (ex: jogos físicos como “Twister”, jogos cooperativos, jogos onde os participantes agem como diferentes personagens ou animais, jogos com perguntas sobre fatos ou perguntas pessoais, etc.) Importante: podem ser confeccionados em casa para que se empregue os interesses únicos de cada criança ou adulto.
  • livros
  • letras e números de plástico ou outro material dúravel
  • material para colorir, desenhar e escrever (papel, cartolina, giz de cera, canetinhas, tesoura sem ponta, fita crepe, lousa, etc)
  • instrumentos musicais simples (tambor, pandeiro, gaita, flauta, sino, xilofone, chocalho, microfone que amplifica a voz sem utilizar pilha ou bateria)
  • acessórios para fantasias (ex: tapa-olho de pirata, avental, máscaras de animais, capas, chapéus, óculos de plástico, etc.),
  • caixa sensorial (ex: lenços, penas, luvas de borracha, escovas, objetos com formatos diferentes e tecidos com texturas variadas)
  • bichos de pelúcia/personagens favoritos/bonecos
  • fantoches de mão e dedo
  • pintura facial
  • cobertor
  • bexigas para encher

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Você não precisa ter todos os brinquedos mencionados. Escolha os brinquedos e objetos que você acha que seu filho poderia se interessar. Lembramos que o importante é prover brinquedos e objetos que sejam do interesse de seu filho. Se ele gostar de retalhos coloridos, providencie retalhos coloridos, se gostar de dinossauros, ofereça dinossauros, etc.

Os brinquedos, em sua maioria, podem ser confeccionados em casa e improvisados com diversos materiais, como por exemplo caixas de papelão, panos, baldes e potes, garrafas de plástico.

Talvez seja melhor manter alguns dos acessórios de fantasias e objetos para atividades de imaginação fora do quarto e apenas trazê-los para dentro quando você for utilizá-los na sessão. Isso ajuda a manter o quarto e as prateleiras menos lotadas (o que acontece muito!).

É importante que você inclua no quarto vários objetos que sua criança costuma utilizar durante comportamentos de isolamento. Se ela gostar de segurar pedaços de fios, tenha alguns tipos de fios no quarto. Se a criança gostar de alinhar carros de miniatura, tenha alguns destes disponíveis (não mais do que 10).

Por fim, é ótimo quando a criança brinca com os brinquedos da prateleira, mas muitas crianças simplesmente não se interessam pelos objetos e brinquedos da prateleira. Tudo bem se isso acontecer. A nossa prioridade está na interação. Se você conseguir interações que envolvam canções, brincadeiras físicas ou que não envolvam nenhum brinquedo, continue a estimular essas atividades e não se preocupe com os brinquedos por enquanto.
 
ATIVIDADES INTERATIVAS
 

Cócegas do Personagem Favorito

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Interesses:
Cócegas, suspense, vozes de personagens, máscaras, o personagem favorito de sua criança (por exemplo, o Pablo do desenho animado dos Backyardigans).

Metas principais:Comunicação verbal.
Desenvolver período de atenção compartilhada de 5min ou mais.

Ação motivadora (o papel do adulto): O adulto veste uma máscara, age e fala como o Pablo - personagem dos Backyardigans favorito da criança - enquanto faz cócegas na criança.

Solicitação (o papel da criança): A criança falar a palavra “Cócega” para pedir que o adulto faça cócegas nela.

Estrutura da atividade: O adulto fantasiado informa que ele agora é o Pablo, imita a voz e os trejeitos do personagem e, com animação, anuncia que vai fazer cócegas na criança. Se a criança permitir a aproximação do adulto, ele faz cócegas nela sem pedir nada em troca, apenas faz cócegas e nomeia sua ação dizendo de forma clara e divertida a palavra “Cócega!”. O adulto estabelece uma atividade cíclica em que ele faz cócegas por alguns momentos, afasta-se fazendo suspense e, de forma previsível volta a fazer cócegas novamente, repetindo diversos ciclos sem pedir nada à criança, apenas fazendo a ação motivadora de graça, pausando por alguns segundos, fazendo a ação novamente, pausando, e assim por diante. A modelagem da palavra “Cócega” permanece durante todos os ciclos, ou seja, o adulto continua dizendo para a criança a palavra “Cócega” enquanto faz cócegas e enquanto faz cada pausa com suspense. Quando a criança encontra-se altamente motivada pela ação do adulto, demonstrando este interesse através de olhares, sorrisos, gestos, sons ou palavras, o adulto passa a solicitar durante a pausa da ação que a criança fale a palavra “Cócega”. A solicitação é um convite animado, e não uma ordem. O adulto estimula a criança a falar e responde a qualquer tentativa de fala com uma celebração e a volta da ação desejada por ela. Desta forma, o adulto mostra para a criança a função de sua comunicação verbal, o poder de seus sons e palavras. Nos próximos ciclos da brincadeira, enquanto a criança continua altamente motivada, o adulto a estimula a falar a palavra modelada de forma a comunicar o desejo dela pela continuidade da ação.

Variações:Podemos ajustar o grau do desafio desta atividade quando a criança já consegue falar “Cócega” com facilidade e constância e solicitar que ela fale uma combinação de 2 a 3 palavras, por exemplo, “Quero cócega”, ou “Faça cócega”, ou “Cócega na barriga”, ou “Cócega na perna”. Estabelecemos uma combinação de palavras de acordo com o contexto, passamos a modelar esta sentença ao oferecer a ação para a criança e, na pausa da ação, solicitamos que ela fale aquela sentença. No exemplo da atividade acima, o adulto então passa a falar “Quero cócega” enquanto faz cócega na criança e quando pausa a ação esperando que a ela fale. Pode parecer estranho, mas neste momento, estamos oferecendo um modelo para a criança da sentença exata que ela poderia falar para pedir pela ação.

Para ajudar a criança a manter-se motivada durante a interação e prolongar o tempo de duração da atividade, podemos inserir em alguns ciclos pequenas variações na ação motivadora, por exemplo, oferecer diferentes formas e intensidades de cócegas, cócegas em diferentes partes do corpo, o Pablo pode trazer objetos ou fantoches para que estes façam cócegas na criança, o Pablo pode andar em câmera lenta, andar em passos largos, andar em passos miudinhos, cantar, dançar, espirrar dramaticamente e até cair no chão antes de fazer cócegas na criança. Comédia pastelão costuma ser bem recebida por muitas de nossas crianças a adultos dentro do espectro do autismo.

Caso a criança não se interesse pelo personagem Pablo, podemos manter a atividade original e modificar o personagem de acordo com os interesses dela, por exemplo, transformando-nos em um pato ou cachorro que faz cócegas se estes forem seus animais favoritos. Se ela gosta dos personagens da animação “Carros”, da Disney, podemos ser o McQueen ou o Mate que adora andar pelo quarto “acelerando seus motores” e fazendo cócegas nela.

Se a criança se interessa por cócegas e pelo Pablo, mas desejamos trabalhar uma meta diferente da comunicação verbal como, por exemplo, ajudar a criança a participar fisicamente em uma atividade interativa, podemos manter a brincadeira das cócegas do Pablo, mas modificar o papel da criança na atividade. Ao invés de solicitarmos que ela fale uma palavra ou sentença para pedir por nossa ação, explicamos e mostramos a ela que ela pode tocar no botão vermelho desenhado na cartolina para que voltemos a fazer cócegas nela. Ainda na área de participação física, podemos fazer cócegas, deixar que o nosso chapéu caia no chão, e então pedirmos que a criança coloque o chapéu do Pablo em nossa cabeça para que nos transformemos no Pablo e voltemos a fazer cócegas nela.

Se nossa criança não se interessa por cócegas naquele momento, podemos manter a mesma estrutura da brincadeira das cócegas e oferecer uma ação motivadora diferente, como por exemplo, o Pablo fazer massagem/carinho na criança, ou o Pablo levar a criança para passear de cavalinho em suas costas.

Se a criança não gosta ou tem medo de máscaras, não utilizamos a máscara do Pablo nesta atividade. A diversão é a chave da interação e do subsequente aprendizado!

O Sapo Comedor de Bolhas

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Interesses:
Bolhas de sabão, movimentos corporais amplos, onomatopeias, efeitos sonoros, expressões faciais exageradas, suspense, animais.

Metas principais:Comunicação verbal.
Contato visual.
Desenvolver período de atenção compartilhada de 5min ou mais.

Ação motivadora (o papel do adulto): Fazer bolhas de sabão e, com suspense e animação, manusear o fantoche do sapo para que ele “coma” as bolhas.

Solicitação (o papel da criança): Falar a palavra “Bolha”. Em algumas regiões brasileiras a bolha de sabão é chamada de bola de sabão. Se sua criança reside em uma destas regiões, modele e solicite que ela tente falar a palavra “Bola”.

Preparação da atividade: Traga um potinho de fazer bolhas de sabão e um fantoche de sapo para o quarto. Se o fantoche for daqueles que abrem a boca, fica mais interessante ainda!

Estrutura da atividade: Apresente o potinho de bolhas e comece a soprar bolhas para a criança. Se ela se interessar, faça mais bolhas. Modele a palavra com a qual a criança poderá pedir por mais bolhas de sabão: você diz “Bolhas” diversas vezes enquanto sopra as bolhas e durante a pausa de sua ação. Pegue o fantoche do sapo e diga à criança que o sapo come bolhas e que ele está com muita fome. Procure pegar cada uma das bolhas com a boca do sapo. Faça um suspense antes de soprar as bolhas e antes do sapo comê-las. Utilize movimentos amplos pelo quarto, exagere suas expressões faciais, imite o pulo e o som (onomatopeia) do sapo. Faça um som interessante ou diga a palavra “bolha” de forma divertida no momento exato em que sapo for comer cada bolha. Essas técnicas poderão deixar a brincadeira mais divertida, darão mais motivos para a criança querer olhar para você – ao invés de olhar apenas para as bolhas – e poderão estimular uma maior qualidade e duração de atenção por parte da criança. Quando a criança estiver altamente motivada por sua ação, demonstrando querer mais de sua ação (através de gestos, olhares, sorrisos, sons) passe a solicitar durante as pausas que ela tente falar a palavra “bolha” para comunicar a você querer mais. Aguarde a resposta da criança, celebre qualquer tentativa para falar a palavra e responda aos sons oferecendo imediatamente a ação desejada por ela. Ao sermos responsivos às comunicações da criança, mostramos a função de suas comunicações e a inspiramos a querer utilizar e desenvolver cada vez mais suas habilidades de comunicação.

Variações:Um dos movimentos favoritos de muitas das crianças que conhecemos é o movimento de pernas do “ninja” que ataca as bolhas. O adulto finge ser um ninja, posiciona-se em posição de ataque e então pula em direção à bolha alternando rapidamente o chute com as duas pernas. O movimento fica completo com o som de “Iiiiiiiáááááá!”.
 
 
Dado das Brincadeiras

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Interesses:
Brincadeiras físicas, pular, rodar, cair, balançar, massagem com diferentes pressões, andar de cavalinho nas costas do adulto, jogar objetos para cima e vê-los cair.

Metas principais:Desenvolver atenção compartilhada de 15 minutos ou mais.
Flexibilidade.
Participação física.

Ação motivadora (o papel do adulto): Oferecer 6 diferentes ações motivadoras para a criança de acordo com a faceta sorteada de um dado gigante. A seguir algumas sugestões de ações.
  • PULAR: Ajudar a criança a pular bem alto a segurando pelo tronco, ou segurando em suas mãos enquanto ela pula em uma pequena na cama elástica, ou ainda pulando sentada em cima de uma bola de Pilates ou fisioterapia.
  • RODAR: Girar em torno do próprio eixo com a criança em seu colo.
  • CAIR: Levantar a criança e gentilmente deixá-la cair em segurança sobre um conjunto de almofadas, pufes ou colchões.
  • BALANÇAR: Balançá-la em seus braços para uma lado e para outro, ou balançá-la para frente e para trás em seu colo enquanto vocês estão sentados em uma bola de fisioterapia, ou ainda balançá-la em uma rede no quarto.
  • APERTAR: Oferecer massagens com diferentes tipos de movimentos e intensidades de pressão nas diversas partes do corpo da criança.
  • CAVALO (ou PASSEAR): Levar a criança para andar de cavalinho em suas costas.

Solicitação (o papel da criança): Jogar o dado gigante.

Preparação da atividade: Confeccione um cubo grande, de pelo menos 20cm de aresta. Você pode utilizar o material de uma simples caixa de papelão ou um tecido impermeável preenchido com espuma rígida. Cada faceta do dado contém afixado um cartão confeccionado por você com uma palavra e possivelmente uma figura correspondente. As palavras e figuras representam as ações motivadoras que você irá oferecer.

Estrutura da atividade: Faça suspense, exagere sua expressividade facial, gestual e de voz ao anunciar com animação e então jogar o dado para cima. Aponte para a faceta de cima e leia a palavra sorteada. Convide a criança para brincar dessa ação. Não a manipule fisicamente sem que ela lhe dê permissão, apenas a convide para subir em seu colo ou em suas costas (de acordo com a ação a ser oferecida) e espere até que ela se aproxime de você demonstrando querer experimentar a brincadeira. Ofereça a ação de graça, sem pedir nada a ela, por pelo menos 1 minuto. Faça uma pausa, explique que você vai jogar o dado novamente para ver em qual brincadeira ele vai cair. Jogue o dado dramaticamente e a convide a brincar daquilo que foi sorteado. Após alguns ciclos, quando a criança estiver altamente motivada e tiver compreendido a estrutura da brincadeira, solicite que a criança jogue o dado para sortear cada ação. Diante de qualquer tentativa dela para jogar o dado, celebre seu esforço e participação social, e imediatamente ofereça a ação sorteada por ela.

Variações:Se a sua criança já está começando a ler, você pode solicitar que ela leia a palavra sorteada.

Você pode substituir as ações motivadoras da atividade acima por brincadeiras com estímulos visuais e auditivos. Por exemplo, o dado pode conter figuras de animais e, para cada uma delas, você oferece uma encenação imitando os movimentos e os sons do animal, ou então uma canção ligada àquele animal. Você pode utilizar máscaras e fantasias para a caracterização de cada animal.

Se a sua criança gostar muito de uma das ações representadas no dado e não quiser mais seguir o sorteio do dado demonstrando querer brincar de apenas 1 das ações do dado, permita que ela faça essa escolha e brinque da forma que ela quiser. Brincadeira forçada não é brincadeira. Brincadeira é sinônimo de diversão. Se ela só quiser brincar de rodar em seu colo, você pode alterar a meta e solicitar que, nas pausas entre os giros, ela faça um destes papéis sugeridos: fale a palavra “rodar”; olhe em seus olhos; aponte para a palavra “rodar” no dado; escreva a palavra “rodar” no quadro; escreva a letra “R” de “rodar” no quadro enquanto você escreve o resto da palavra; etc. Estabeleça UM papel para a criança na brincadeira que seja apropriado para o atual estágio de desenvolvimento de suas habilidades, sendo este papel o próximo passo para ela adquirir em uma habilidade específica dentre as metas estabelecidas por sua equipe multidisciplinar.

Observações:
Nesta atividade do Dado de Brincadeiras, tenha em mente que aceitar a regra do sorteio da ação motivadora através do dado já é um desafio de flexibilidade para sua criança. Inicialmente, dê o controle a ela quando você apresentar este tipo de dinâmica e permita que ela explore o dado e que inclusive coloque o dado na faceta preferida.

Recomendamos também que este tipo de atividade com múltiplas ações motivadoras seja introduzido quando a criança já apresentar em média um período de atenção compartilhada mínimo de 10 minutos. Com as diversas ações motivadoras unidas por uma estrutura ainda simples do dado, este é um exemplo de atividade intermediária que utilizamos na transição entre atividades de estrutura simples e cíclica (que contam com a repetição de uma mesma ação motivadora em todos os ciclos) e atividades de estrutura complexa e fluxo contínuo (aquelas em que há múltiplas ações motivadoras e diferentes etapas unidas por uma estrutura complexa porém previsível, como por exemplo, uma caça ao tesouro ou um jogo de tabuleiro avançado).
 
 
 
O Seu Próprio Jogo de Tabuleiro

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Interesses:
Conquista de objetivos, demonstrar seu conhecimento (ser o perito) em seu assunto favorito, suspense/antecipação, aventuras com os personagens favoritos (por exemplo, a turma do Batman).

Metas principais:Flexibilidade – ajudar a criança, o adolescente ou o adulto a participar de um jogo com diversas etapas, estrutura complexa e um conjunto de regras.
Desenvolver período de atenção compartilhada de 20 minutos ou mais.
Participação física em jogo simbólico.
Comunicação verbal.

Preparação da atividade:Desenhe em uma cartolina o caminho do jogo todo dividido em casinhas nas quais os jogadores moverão suas peças. Inclua um início e um fim. Pinte as casinhas com 3 cores diferentes alternadas. Plastifique o tabuleiro para que ele fique mais resistente e para que possa ser reutilizado em outras sessões com outras temáticas. Cole figuras em alguns pontos do caminho para representar a aventura do Batman, como a Bat Caverna, o Batmóvel, a Mulher Gato, o esconderijo do Charada.

Confeccione até 30 cartões divididos em 3 categorias representadas pelas mesmas cores do tabuleiro. Se você pintar as casas do tabuleiro de vermelho, azul e amarelo, pinte o verso dos cartões nessas mesmas cores, 10 de cada. Escreva nos cartões as tarefas para os jogadores que você acha que serão motivadoras para a criança, adolescente ou adulto e que podem incentivá-lo a desenvolver habilidades sociais como o contato visual, a conversação, a flexibilidade, o período de atenção compartilhada, e outras habilidades que façam parte das metas educacionais do programa de desenvolvimento desta pessoa.

Sugestões para as categorias de cartões: uma pilha de cartões pode conter tarefas que trabalhem os desafios de comunicação verbal, a outra propõe tarefas físicas (incluindo habilidades de motricidade fina e ampla), a última pode trabalhar habilidades cognitivas como a identificação de formas geométricas, leitura e matemática. Se a sua criança gosta de informações factuais de história e geografia, por exemplo, adicione perguntas sobre estas áreas de interesse. Se ela é fascinada por dinossauros ou pelos filmes do Hulk ou Batman, inclua uma categoria de cartões que fazem perguntas sobre estes temas.

Exemplos de tarefas: imitar um gorila; andar fingindo que está com o pé doendo; inventar uma sentença utilizando uma determinada palavra; contar algo que aconteceu na última viagem; fazer uma pergunta pessoal para o outro jogador e ouvir a resposta (ex: “qual é a sua comida preferida?”); quanto é 4 + 3; quem fica forte e verde quando fica bravo; etc.

Traga para o quarto peças que vocês moverão pelo tabuleiro (se você tiver bonequinhos da turma do Batman, melhor ainda) e um dado tradicional ou um dado gigante confeccionado por você.

Estrutura da atividade: Convide a criança a participar do jogo de tabuleiro com você. Demonstre sua empolgação para entrar nesta aventura mencionando os detalhes que você acredita que serão motivacionais para a criança, como o momento em que vocês chegarão na Bat Caverna e o momento em que vão descobrir o esconderijo do Charada e pegar de volta o Batmóvel que ele roubou.

Explique as regras do jogo e esteja aberto para negociar com sua criança novas regras sugeridas por ela.

Cada participante tem a sua vez para jogar o dado, andar o número de casinhas sorteado, retirar um cartão da pilha correspondente à cor da casinha, e cumprir a sua tarefa. Você pode ajudar sua criança a cumprir as tarefas, e pedir que ela lhe ajude também nas suas.

Para trazer ainda mais diversão e leveza, faça uma cara engraçada ou levante-se da cadeira/chão para fazer a sua “dança da sorte” antes de jogar o dado, faça uma festa animada para qualquer que seja o resultado do dado, fale com a voz de algum personagem interessante, levante-se e encene com a criança o que está acontecendo com os personagens do jogo, comemore todas as vezes que vocês cumprirem as tarefas, celebre as participações da criança na atividade.

Dê ênfase à diversão. Quando o primeiro jogador chegar ao final do tabuleiro, isso será motivo de celebração. O segundo jogador continuará jogando até que ele também chegue ao final. E será celebrado também. Retire a ênfase da competição e do ganhar ou perder. O importante não será chegar primeiro, e sim jogar junto, divertir-se e esforçar-se para chegar ao final.

Variações:Para estimular a natureza cooperativa ao invés de competitiva do jogo, estabeleça desde o início que os dois jogadores trabalharão em parceria (em uma aliança de super-heróis!) para, por exemplo, resgatar o Batmóvel roubado pelo Charada. Somente quando os dois chegarem ao final, como um time, eles conseguirão conquistar o objetivo do jogo.

Observações:Algumas crianças gostam de jogos que seguem à risca o enredo de um de seus filmes prediletos. Crie um jogo de tabuleiro então seguindo o roteiro do filme e, durante as tarefas, vocês terão diversas oportunidades para praticar habilidades de flexibilidade e encenar trechos originais (novos) com os personagens conhecidos.

 http://www.inspiradospeloautismo.com.br/index.html

Um comentário:

  1. Muito bom os textos, Valdelia! Eles me auxiliarão muito no AEE com criança autista. Abraços

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